segunda-feira, 7 de janeiro de 2019

Não Acredito Que Perdi Sessenta Anos

Desde criança nunca fui muito adepto a passeios que envolvessem qualquer tipo de animal que não fosse um simples cachorro, e natureza de modo geral. Nunca tive coragem para subir em um cavalo e cavalgar. Nunca tive coragem de subir em árvore. Sempre achava que ia cair, quebrar um braço e me machucar feio. E olho que minha mãe sempre me empurrava parar esta vida com mais contato com a natureza. Ela nunca impediu, sempre incentivou
Mas subliminarmente eu sabia que muita coisa era reflexo dela que também não gosta muito desse mundo rural, natural, cheio de mosquitos, terra e tudo mais que a natureza possa oferecer.
Uma amiga minha viajou agora para a Argentina e tirou fotos ao lado de um leão. Eu sei que o leão é treinado para esta função, que a chance de atacar um turista é praticamente nula. Mas confesso que não tenho coragem. Vai que eu sou aquela parte da estatística de um em um milhão, na hora dele atacar alguém? Melhor não arriscar.
Outra coisa que morro de vontade de fazer é mergulhar. Mas aí pergunto, cadê a coragem? Já me sinto aflito só de entrar no mar e pensar que um peixe pode encostar em mim. E se eu parar para pensar mais ainda, lembro dos cavalos marinhos, golfinhos, baleias, tartarugas e toda a fauna existente no oceano. Já pensou de algum deles esbarra em mim? Nossa, nem sei o que pensar. Acho que morro ali mesmo e viro comida de tubarão.
Pode parecer drama tudo isso, e talvez seja. Mas o que mais me irrita é não ter coragem para estas coisas. Não é que eu não queira ter, mas é que até hoje não consegui desenvolver essa coragem para conviver em harmonia com o mundo animal. Acredite, até pombo de praça me deixa meio apavorado (caso ele voe em minha direção).
Mas em outras situações da vida consegui superar meu medo e fui adiante. E mais uma confissão: foi simplesmente maravilhoso enfrentar meus medos e descobrir que eu era capaz. 
Sim, já enfrentei o medo e fiz aula de teatro, aprendi a dirigir um carro (aqui não era bem medo, era preguiça mesmo) já voei de avião, já subi em prédio alto, e hoje graças ao bom Deus, consigo passar em uma ponte ou viaduto e olhar para baixo. Quando eu era criança, não olhava para baixo nem se fosse para ganhar dinheiro.
Ainda tem a história da minhã avó, que passou cerca de sessenta anos da vida sem ter coragem de experimentar cajamanga (uma fruta). Um belo dia ela experimentou e a frase que ela disse foi a melhor: "não acredito que perdi sessenta anos da minha vida sem comer isso".
O que quero dizer com todas estas pequenas experiências da minha vida, é que enfrentar nossos medos é importante para o desenvolvimento pessoal, profissional e humano. Encarar algo que nos assusta é mais que necessário, é essencial para a evolução da espécie humana. Ou você acha que chegamos até aqui porque ficamos acomodados sentados? Não, não! A humanidade só progrediu porque enfrentou os problemas e medos e achou soluções para que tudo seguisse adiante.
Então, aproveite que mais um ano está começando. Seja corajoso e enfrente seus medos. Não tô falando aqui de fazer coisas que coloquem sua vida em risco. Não é nada disso. Estou falando de ter coragem para enfrentar situações que, para a maioria das pessoas é super comum, mas que para você pode ser um tormento. 
Quem sabe em 2019 eu consiga mergulhar e descobrir as maravilhas do mundo marinho? Ou quem sabe eu não consiga cavalgar sem ter um "piripaque" em cima do bicho?
Vamos lá, coragem. Eu te ajudo e você me ajuda. Bora enfrentar nossos medos e descobrir um mundo ainda mais incrível.

Texto: Fabrício Santana
Foto: pixabay.com

2 comentários:

  1. Parabéns lindo texto. Eu sei e aprendi com vc a enfrentar coisas difíceis. Gratidão por sua amizade. Meu adorável e corajoso amigo. Bjj

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