quarta-feira, 27 de maio de 2020

Montanha-Russa da Vida

Tem uma música da Cássia Eller que diz:
"Mudaram as estações, nada mudou
Mas eu sei que alguma coisa aconteceu
'Tá tudo assim, tão diferente".

Será que realmente nada mudou? Nesta semana uma frente fria chegou ao país e derrubou as temperaturas. Não sei aí onde você está, mas por aqui tive que usar moletom, meia, cobertor, edredom, chá, chocolate quente e tudo mais que fosse possível para me aquecer. 

E como a natureza muda em pouco tempo né. Um dia está calor, no outro vem a chuva, em seguida vem o frio, e tudo vai se adaptando à nova realidade. Já reparou num gramado seco e após uma chuva ele volta a ficar verde novamente? E as árvores que após um período de seca, com a chuva, volta a ficar mais colorida, com novos brotos.

A vida vai se renovando dia após dia, estação após estação. As folhas mais velhas caem para que novas possam chegar. As flores se transformam em frutos, e com a ajuda dos pássaros e das abelhas, e por que não de nós humanos, as sementes alcançam o solo e uma nova planta nasce. 

Para que o céu fique azul ou as nuvens precisam "chover" ou o vento precisa soprar para levá-las para longe. E o oceano só é grande porque toda a água doce do planeta corre em direção a ele.

Mesmo que tudo pareça se repetir em cada estação, pode ter certeza que tudo é diferente. 

A mesma música da Cássia Eller ainda diz:
"Mesmo com tantos motivos
Pra deixar tudo como está
Nem desistir nem tentar, agora tanto faz
Estamos indo de volta pra casa"

Você quer deixar tudo como está ou prefere deixar tudo como gostaria que fosse? Independente da resposta, você terá que tomar uma atitude. Mesmo que sua escolha seja a de não fazer nada, você terá decidido algo. E a partir desta decisão você não será mais o mesmo, o mundo ao seu redor não será mais o mesmo. Tudo estará diferente.

Quero que lembre-se sempre que o mundo está em constante mudança. Mesmo que tudo pareça igual, tudo estará diferente a cada amanhecer. 

Lembre-se também que tudo isso que estamos vivendo vai passar. Tudo tem um ciclo com começo, meio e fim. Se for algo bom, é passageiro. Se for algo ruim, também é passageiro. E a gente vai aprendendo a se equilibrar nessa montanha-russa que é a vida. 

Um forte abraço virtual pra você.

Texto: Fabrício Santana

terça-feira, 19 de maio de 2020

Mais Que Um Simples Pedaço de Pano

Quem diria que um pedaço de pano nos aproximaria ao mesmo tempo em que nos distancia! É isto mesmo que você leu. Em época de pandemia, além de álcool em gel, a máscara passou a fazer parte do nosso figurino. Aonde quer que você vá, ela está lá, literalmente na sua cara, para quem quiser ver.

Quem diria que um simples pedaço de pano, além de nos proteger contra um inimigo invisível, nos faria perceber os sentimentos alheios pelos olhos, e não mais pela face toda? 

Quem diria que um simples pedaço de pano nos faria deixar a maquiagem de lado, encobriria os sorrisos, esconderia nosso nariz e apenas os olhos ficariam livres para mostrar as outras pessoas o que se passa dentro de nós?

Um pedaço de pano fez as pessoas parecem mais iguais, e o não uso dela, nos faz parecer um ET aonde quer que estejamos. Um pedaço de pano faz com que as pessoas passassem a olhar mais nos olhos uma das outras e tentassem decifrar o que o outro quer dizer.

Não dizem que os olhos são a janela da alma? Então passamos a usar mais a nossa janela, e principalmente a dar uma olhadinha na janela do outro. Enquanto os sorrisos estão escondidos, é com a menina dos olhos que transmitimos nossos sentimentos, sejam eles bons ou ruins.

E não importa a estampa, a cor, o modelo de máscara que você esteja usando. O pedaço de pano que colocamos preso no nosso rosto esconde muito de nós, mas revela também.  É pelos olhos que as lágrimas transbordam. Lágrimas que podem ser de felicidade, de medo, pavor, pânico, alegria. Quando a emoção transcende o corpo, as lágrimas surgem.

E como nosso rosto diz algo sobre a gente, mesmo estando parcialmente coberto. Basta abrir os olhos para enxergar algo melhor. Basta fechar os olhos para ajustar o foco e ver ainda mais longe. Basta piscar com um olho só para flertar com aquele crush. Basta piscar lentamente para ver que nosso pensamento está longe. Se choramos logo tem alguém querendo saber o motivo. E se os olhos estão caídos pode ser tristeza, cansaço ou apenas sono. Quando estão vermelhos eles denunciam que nosso corpo está no limite. 

E para saber tudo isso basta olhar nos olhos. E não importa a cor que eles sejam. O que importa de verdade é como eles reagem ao serem olhados por outras pessoas, ao serem observados com mais atenção, ao serem correspondidos.

Talvez esse pedaço de pano, que estamos desfilando por aí, tenha surgido no nosso dia-a-dia para que aprendamos a olhar mais, a observar mais e consequentemente falar menos e ouvir mais. 

E como disse Vinícius de Moraes: 
"Quando a luz dos olhos meus
E a luz dos olhos teus
Resolvem se encontrar
Ai que bom que isso é meu Deus
Que frio que me dá o encontro desse olhar
Mas se a luz dos olhos teus
Resiste aos olhos meus só pra me provocar
Meu amor, juro por Deus me sinto incendiar"

Se deixe iluminar, se encontrar, encontrar...se permita olhar e ser olhado. Não adiantou tapar nosso sorriso. A humanidade está se reinventado e reaprendendo a todo instante. Se somos capazes de transmitir tanta coisa apenas pelo olhar, imagina só se a gente usar todo nossa capacidade?

Texto: Fabrício Santana

quarta-feira, 13 de maio de 2020

É Compartilhando que se Multiplica

Sabe quando o telefone toca e é alguém que você não falava já tinha um tempo? A sensação de ser lembrado por alguém é boa né? A gente acaba sentindo um afago na alma. Ser lembrado é uma forma de carinho que recebemos. E quem não gosta de carinho, não é mesmo?

A gente até se lembra dos familiares, amigos, colegas, mas vamos sempre deixando para depois o contato que poderia ser feito hoje. Deixamos sempre para depois do expediente, depois que o dia terminar, depois que amanhecer, depois que terminarmos as tarefas de casa, depois que fizermos as compras, depois que chegarmos de viagem, depois, depois, depois,....

Nossa autoconfiança é tamanha que jamais pensamos que algo inesperado pode acontecer e este contato não poderá ser mais feito. Pelo menos não neste plano, neste planeta. E aí bate aquele arrependimento danado. A gente se pega pensando por que não ligamos? Por que não nos encontramos naquele café? Os porquês tomam conta da nossa mente.

E se arrepender é algo que dói. Dói muito. E se arrepender de algo que poderia ter feito, mas por displicência deixou para depois, é algo que incomoda muito mais. Parece que carregamos uma "culpa" eterna de que sempre poderia ter feito e não fez.

Portanto, mesmo em um período diferente como este que estamos atravessando, é preciso ter determinação e foco para realmente fazer aquilo que temos vontade de fazer. Aquela velha frase que diz "pra que deixar pra amanhã o que você pode fazer hoje?" está mais atual do que nunca.

Lembre-se que distanciamento social não quer dizer que você não possa falar com ninguém, não possa ligar pra ninguém. A distância física é necessária em época de pandemia, mas a ligação afetiva não foi rompida. 

Portanto diga hoje para quem você quiser o quanto a pessoa é importante pra ti. Faça aquela ligação ou chamada de vídeo. Não guarde esse sentimento bom, que chamamos de amor, dentro de você. Não adie mais. Amor e afeto quando são compartilhados acabam se multiplicando. 

Ótimo dia pra ti!

Texto: Fabrício Santana

terça-feira, 5 de maio de 2020

Jogue Suas Pedras Fora

Nesta semana vamos falar sobre ciclos. Sim, ciclos que acontecem na vida da gente. Seja em âmbito pessoal, profissional, amoroso, tudo tem um começo, um meio e um fim.

Imagine a seguinte situação: você está caminhando por uma estrada de terra. Você leva uma mochila junto com você. Cada pedra que você encontra no meio da estrada você pega e coloca na mochila. Com o passar do tempo e a caminhada essa mochila vai ficando cada vez mais pesada e mais difícil de carregar. Além das pedras que você coloca na mochila, toda vez que você encontra uma pessoa ela te presenteia com alguma coisa. Você acaba aceitando para não fazer "desfeita". Quanto mais você caminha mais coisas você tem que carregar.

Em alguns momentos a estrada fica mais sinuosa, com barrancos, e para completar o cenário começa a chover e a ventar bem forte. Tudo que já parecia difícil fica ainda mais complicado. A enxurrada que escorre na estrada fica mais intensa e você começa a escorregar. Mas uma voz te lembra que você precisa seguir adiante e que não é necessário carregar tudo. Você deve levar contigo apenas o necessário.

Mas o que é necessário? Como se desfazer de todos os presentes? E se livrar das pedras pode fazer com que elas sejam um empecilho para alguém que venha atrás. Talvez você até precise delas mais adiante para construir uma ponte, ou até mesmo fazer marcação de um caminho.

Como saber o que levar e o que deixar para trás? Quase impossível adivinhar o que vem pela frente. Mas chegou o momento de decidir o que segue e o que fica. Afinal, seu corpo já não aguenta mais tanto peso em meio a um terreno tão difícil. Você chegou ao seu limite.

É com pesar, com uma certa "dor no coração" que você se desfaz de alguns pertences e segue com outros. A caminhada agora parece mais fácil, tudo ficou mais leve. Coincidentemente o tempo abriu, o céu ficou azul, a estrada secou, e mesmo com as curvas, seguir adiante ficou bem mais fácil.

Assim é a vida. A gente vai acumulando sentimentos dentro da gente e chega num ponto que temos que decidir o que seguirá conosco e o que deixaremos para trás, aquilo que não é mais necessário para nós.

A gente vai guardando um monte de rancores, raiva, fúria, ódio e mais um monte de coisas que não deveríamos carregar. Isso tudo aliado ao estresse, ao medo e angústia vira uma "bola de neve" que acaba por nos engolir. 

Por isso é preciso ir deixando para trás aquilo que nos faz mal, aquilo que é somente peso na nossa caminhada. Não digo que é fácil desapegar. Afinal, algo nos acompanhou por tanto tempo, parece fazer parte da gente (e faz mesmo). Mas quando arrancamos o mal pela raiz, jogamos nossas "pedras" fora, a mochila da vida fica mais leve, o caminho fica mais fácil e vamos aprendendo a selecionar apenas aquilo que nos faz bem.

É preciso que um ciclo se encerre para que outro comece. É preciso que uma mão se esvazie para que algo novo possa ser pegado por ela.

Portanto, pra que ficar remoendo ou convivendo com aquilo que lhe faz mal? Corte da sua vida tudo o que não te faz bem. Você verá como será libertador.

Texto: Fabrício Santana