quarta-feira, 29 de julho de 2020

Ninguém nunca precisou de restos para viver

Já parou pra pensar que a gente sempre está tentando encontrar algum defeito? Sim, algum defeito, alguma coisa que não está dentro do "padrão". Seja em nós, no outro ou em alguma situação. Sempre estamos criticando, mesmo que mentalmente.

Pense na seguinte situação: Algum amigo ou amiga chega em você para contar que comprou um carro zero quilômetro. Você fala que está feliz, que gostou da conquista mas bem lá no fundo às vezes se questiona como esta pessoa conseguiu isto num prazo tão curto (mas nem sempre o prazo foi tão curto assim). Ou você até gosta do carro, mas pensa que se fosse seu seria uma cor diferente, ou mais potente.

Em uma outra situação alguém te convida para uma festa de aniversário. Você vai, está tudo perfeito mas você teria feito uma comida diferente, ou alugado um outro salão porque na sua opinião o outro lugar é mais espaçoso ou arejado.

Não importa qual seja a situação, você, mesmo que involuntariamente, sempre vai pensar que poderia ser melhor, que poderia ser diferente, que poderia ser de um jeito "mais correto".

Quando passamos a ver o lado bom de tudo, passamos a nos preocupar menos, ficamos realmente felizes e consequentemente não magoamos o próximo.

Os animais (os que não fazem parte da raça humana) apenas vivem um dia de cada vez. Eles não se frustram tanto porque não criam expectativas. Eles não se decepcionam tanto porque quando gostam é verdadeiro, quando algo não lhes agrada eles simplesmente se afastam e vão viver um pouco mais longe. Não que os conflitos sejam evitados. Mas você só vê animais atacando outros em duas ocasiões: quando se sentem ameaçados por outro ou quando é para caçar para comer (afinal eles não tem supermercados para comprar comida).

Não tô querendo dizer aqui que não é preciso planejar ou lutar pelo que acha certo. O que quero dizer é que a gente pode sempre ver o lado melhor da vida, evitar conflitos bobos por conta de algo que não é tão essencial para nós assim. A forma como o outro se veste, fala, anda ou se porta não nos diz respeito. Deveríamos nos preocupar com nosso bem-estar, com nossa alimentação e principalmente, deixar o outro viver como quiser. 

Não precisamos sair por aí espalhando "verdades", mesmo que disfarçadas em forma de brincadeiras. Dizem que toda brincadeira tem um fundo de verdade, e talvez isso seja mesmo real. A sua opinião é sua, somente sua. Não precisa sair por aí propagando o que você acredita ser certo. Se preocupe primeiro em ajustar a sua vida. O resto é o resto. E ninguém nunca precisou de restos para sobreviver.

Texto: Fabrício Santana

quarta-feira, 22 de julho de 2020

O Poder do Abraço

Tem uma música do Jota Quest que diz:
"O melhor lugar do mundo
É dentro de um abraço
[...]
Pro solitário ou pro carente
Dentro de um abraço é sempre quente
Tudo que a gente sofre
Num abraço se dissolve
Tudo que se espera ou sonha
Num abraço a gente encontra"

Não importa a situação. Um abraço geralmente diz muito mais do que qualquer palavra do mundo. Dizem que o abraço é curativo. Cura ódio,  ressentimento, cansaço e até tristeza.

Seja entre família, entre amigos, colegas, vizinhos, e até mesmo desconhecidos. Um abraço conforta, acalenta. Os braços se abrem e os corações parecem até bater no mesmo ritmo. Naquele momento, que pode ser breve, ou mais demorado, tudo parece se resolver, todos os problemas parecem se dissolver, tudo parece se ajeitar. 

Não tem nada com um abraço. Um abraço de bom dia, um abraço de quando se encontra o melhor amigo depois de muito tempo, um abraço de mãe e filho, de tio, tia, avó, avô. Abraçar é sempre bom. 

O momento que ultrapassamos pede um distanciamento social. Muitos abraços virtuais estão sendo distribuídos. Mas nada como o calor humano, o toque da pele, o olho no olho e os corações batendo juntos para acalentar as almas. Tem um trecho de um texto de autor desconhecido que diz que o abraço deveria ser receitado por médico pois rejuvenesce a alma e o corpo.

E você, já abraçou alguém hoje?

Texto: Fabrício Santana

quarta-feira, 15 de julho de 2020

O Poder da Fila

Dizem que brasileiro adora uma fila né. Não pode ver uma que já está lá para entender o que está rolando. Brasileiro pode até "gostar" da fila, mas a humanidade inteira está numa fila. Sim, é isso mesmo que você leu.

Existem as filas comuns, como as que encontramos em supermercados, hospitais, lojas, transporte público. Mas existem também as filas "imaginárias". Sim, todos entramos numa espécie de fila para nascer e também para morrer. Entramos na fila para ser feliz, mas às vezes pegamos a fila errada e encontramos a tristeza. Esteamos na fila parar nos tornarmos pessoas melhores, para amadurecer, para frutificar. Enfrentamos nossas filas diárias sem nos dar conta. 

Ah, e nessas filas imaginárias não é possível voltar para o fim da fila ou adiantar algumas "casas". Estamos onde devemos estar. Tudo acontece no tempo que tem que acontecer. 

E quando estamos na fila sempre surge uma conversa, uma bate-papo. E que tal utilizar este tempo para elogiar mais, sorrir mais, criticar menos. Aproveite para ajudar quem precisa, fazer as pazes e de alguma forma fazer a diferença na vida de alguém. É tão bom se sentir amado, e por que não nos colocamos do outro lado e amamos alguém?

Então, que tal se livrar do rancor e transbordar amor. Ame. Ame muito. Eu diria pra amar até mesmo quem não merece. Não espere nada em troca. Ame porque lhe faz bem.  Dessa vida não levamos nada material. Nem o corpo a gente leva depois que morre. Só conseguimos carregar conosco os sentimentos, aquilo que vivemos. Que nossa bagagem seja carregada de coisas bonitas, positivas e que nos fazem bem e, se possível, que fazem bem ao próximo. 

Enquanto aguarda na fila da vida, que sejamos mais humanos, menos egoístas, mais afetuosos, menos agressivos, mais amáveis, menos truculentos, mais pacientes e menos possessivos. Que o tempo na fila da vida seja bem aproveitado, para quando chegar a sua hora de ser atendido, você consiga apresentar somente coisas boas, ou que elas sejam pelo menos a maioria.

Texto: Fabrício Santana







terça-feira, 7 de julho de 2020

Daqui a Pouco Pode Ser Tarde Demais

A dor da perda é grande, é forte mas é inevitável.

Nesta semana, infelizmente, perdi um parente. De repente, no meio da noite tudo aconteceu. O socorro foi dado, e depois de pouco mais de um mês a morte repentina da prima, de 40 anos, pegou todo mundo de surpresa.Tão jovem, tão saudável, tão bonita, e de repente tudo isso acontece. Como num sopro a vida terrestre se foi e o corpo já não tinha muita utilidade para a alma.

Aqui na Terra ficamos nós, parentes, amigos, colegas e conhecidos tentando entender o motivo de uma partida tão precoce. As crianças, um de dois anos e outro de quatro anos ficaram sem a mãe. O marido ficou sem a esposa. Os funcionários sem a patroa. A mãe ficou sem a filha, a avó ficou sem a neta e a tia ficou sem a sobrinha. Eu perdi a prima, o vizinho perdeu a vizinha, o amigo perdeu a amiga, as irmãs perderam a irmã. A morte foi de uma única pessoa, mas as perdas são incalculáveis.

De repente o coração não aguentou e não bombeou mais sangue. A falta de oxigênio a fez dar o último suspiro. O pulso parou e os olhos nunca mais se abrirão.

Com tudo isso quero dizer que é preciso realmente aproveitar cada dia como se fosse o último. Não deixe para depois para demonstrar seu amor, afeto e carinho pelo outro. Diga o que tem vontade de dizer. Faça o que tem vontade de fazer. Viva o que tem vontade de viver. A morte, mesmo sendo a única certeza que temos nesta vida, pode chegar repentinamente e mudar os planos de todo mundo. 

Depois da partida definitiva para outro plano, cabe a nós, que ficamos, aprender a conviver com a ausência, com a saudade mas também com as lembranças. E quantas lembranças. Um jeito de falar, uma comida preferida, um passeio, um programa na TV, uma música. Tudo nos faz lembrar de quem já partiu.

Parece clichê, e pode até ser, mas viver o hoje, o presente, é a melhor forma de viver a vida. O ontem já foi, o amanhã não chegou, e nem sabemos se chegará para nós. Portanto só temos o presente para vivermos, sermos felizes, sermos nós mesmos.

Prima, você que só me chamava de "Bimbim" (até hoje não entendi o motivo do apelido mas adorava ouvi-lo quando você dizia), vai fazer falta. E você que está lendo este texto siga o seu coração. Daqui a pouco pode ser tarde demais.

Texto: Fabrício Santana