Stay at home! Restez à la maison! Resta a casa! Bleib zu Hause! Quedarse en casa! Fique em casa! Estas são as palavras mais repetidas nas últimas semanas ao redor do mundo.
De repente tudo parou. Da noite para o dia escritórios ficaram fechados, aulas foram interrompidas em escolas e universidades, indústrias fecharam as portas, o comércio não abriu, as avenidas, antes congestionadas, ficaram praticamente desertas. As cidades ficaram num ritmo mais lento. Já não se ouve tanto barulho por aí. Já não se vê tanta gente perambulando por aí. Bares, restaurantes, teatros, cinemas, e tudo mais que foi construído para nos entreter, tudo está parado.
As pessoas tiveram que se acostumar a ficar em casa. O "ficar em casa" se tornou um mantra em todos os idiomas. Um inimigo invisível foi capaz de desafiar e frear toda uma humanidade que tinha a mais absoluta certeza que dominava este planeta, o qual chamamos de lar.
Muita gente morreu. Mais de duzentos mil se foram desta vida devido à Covid -19. Isso sem contar todos os outros milhares que também se foram por conta de outras doenças, acidentes e tudo mais que é capaz de nos tirar a vida.
O céu ficou mais azul, o mar ficou mais limpo. Há anos não se via os canais de Veneza, por exemplo, tão limpos. Há anos não se via a Times Square deserta. Há anos não se via a Avenida Paulista vazia, nem a praia de Copacabana sem ninguém. Fechamos também a Torre Eiffel, o Empire State, o Corcovado, o Louvre e mais uma centena de milhares de lugares. Apenas os serviços essenciais ficaram funcionando.
Idosos morreram, jovens morreram, profissionais da saúde morreram, comunicadores morreram, donos(as) de casa morreram. De repente um pedaço da família foi arrancado da gente e nem tivemos tempo de nos despedir.
O inimigo invisível mostrou para a Humanidade tão "esperta" que nossos hospitais não estão preparados para atender todos, que nossa economia é mais frágil do que imaginávamos, que nosso sistema de ensino precisa ser revisto. Este mesmo inimigo nos mostrou que aqueles que investiram mais se sairão melhor. E quando digo investimento não falo apenas de dinheiro. Falo de conhecimento, estudo, educação (aquela que vem de casa e a que aprendemos na escola).
Uma espécie de terceira guerra chegou de forma inesperada. O inimigo é incapaz de ser visto a olho nu. É como se tivéssemos lutando com algum daqueles vilões das histórias em quadrinho. Um inimigo que nos fez entender que ainda precisamos aprender que um transporte público lotado não é eficiente, pois além de deixar o cidadão cansado de ficar horas de pé, ainda é um prato cheio para a proliferação deste e de outros inimigos invisíveis.
O vírus da Covid-19 nos fez entender que nosso conhecimento precisa ser aprimorado, que nossa forma "moderna" de civilização vai levar o planeta à hecatombe se continuar sendo sugado ao extremo como tem sido feito ao longo de décadas.
Alguns se vão, mas a maioria de nós vai ficar por aqui. A maioria de nós vai sobreviver a tudo isso. Sairemos fortalecidos? Sairemos mais sábios? Ou após algum tempo vamos continuar com a venda da ignorância e continuaremos a levar nossas vidas como sempre levamos?
Nossos antepassados descobriram o fogo, aperfeiçoaram a agricultura, melhoraram a arquitetura, os transportes. E com tudo isso temos comida, casa e veículos cada vez mais eficazes e confortáveis. De um problema surge a solução. A energia elétrica só foi descoberta por alguém que não se conformava com a escuridão. A roda só foi inventada por alguém que queria se locomover mais rápido.
E com este novo coronavírus, o que vamos aprender? A resposta desta pergunta eu não sei. Só torço para que o aprendizado seja para vivermos de forma mais integrada com o meio ambiente, de uma forma menos destrutiva e com muito mais empatia pelo próximo. A Humanidade precisa reaprender a ser verdadeiramente Humana.
Texto: Fabrício Santana